sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A apelação ao direito de opinião como variação da lei de Godein.



A lei de Godein diz que a medida que cresce uma discussão, a probabilidade de surgir comparação envolvendo Hitler ou o Nazismo, aproxima-se de 100%. Quando isso ocorre, diz-se que o apelante em geral não possui argumentos satisfatórios para melhor expor suas razões e que por isso, geralmente perde o debate.

Uma variante interessante dessa lei, não está relacionada a Hitler ou ao Nazismo, mas a “questão de opinião”.  Frases como: mas essa é SUA opinião; essa é MINHA opinião; e outras variações como: Opinião é igual a “xxx” cada um tem uma, empobrecem o debate e normalmente transformam o apelante em um derrotado que pensa ter saído vencedor.

É claro que qualquer individuo têm o direito de expressar sua opinião, mas o simples fato de expressá-la, nada diz sobre a qualidade da opinião. Normalmente o a questão é colocada como se houvesse um relativismo em relação a qualquer questão mais complexa e que portanto qualquer opinião é de todo válida. Mas quando um assunto pode ser mera questão de opinião e quando não?

Qual é o resultado de se subtrair 4 de 13? 9 diriam os que prezam a lógica e a boa matemática. Outros poderiam dar outra resposta como 7. Imagine, se ao ser exposto ao erro a pessoa saísse com essa: 9 é só a sua opinião!

Há questões, como as de ordem estética que devido a sua subjetividade resultam numa ausência de hierarquia da opinião. Exemplo: Qual cor é mais bonita, vermelho ou verde? Qual bebida é mais gostosa, cerveja ou vinho? Que banda é melhor, Beatles ou Rolling Stones? Quem é mais bonita, Jéssica Alba ou Scarlett Johansson?  Todas essas questões podem ser tratadas como questão de opinião devido a sua subjetividade.

Há, entretanto questões de outra natureza que não podem ser consideradas como mera questão de opinião. Exemplos dessas questões: Qual a forma do Planeta Terra? Hoje sabemos com certeza a resposta a essa questão e qualquer opinião contraria não possui valor. Veja que mesmo no passado, quando essa questão era controversa, a mesma não poderia ser tratada como mera questão de opinião, pois há um fato sólido e definitivo, ou se preferir, uma verdade sobre a natureza da forma do planeta. Outro exemplo seria qualquer problema envolvendo questões de matemática básica, como ficou claro no exemplo mais acima.

O fato é de que os exemplos dados são questões praticamente dicotômicas. Há uma serie de questões bem mais complexas e que além de não terem uma resposta simples como definitiva podem sim, sofrer alterações ao longo do tempo. Normalmente essas questões envolvem campos da filosofia como a ética e a política. Apesar disso, as mesmas não devem ser tratadas como mera questão de opinião. Vamos a alguns exemplos:
No campo da Ética: É lícito ou não possuir outro ser humano como propriedade?

Há argumentos que podem ser utilizados em favor da escravidão e de fato foram durante a maior parte da história humana. Há, entretanto outros tantos argumentos contrários a essa prática. Será que o debate a esta questão deveria ser reduzida a uma “questão de opinião”. É claro que não! Apesar de se tratar de uma questão complexa, há meios objetivos de se alcançar uma resposta.

No campo da Política: Qual o melhor sistema de governo que já existiu? Assim como no campo da ética, há inúmeras formas objetivas de chegarmos a uma resposta satisfatória e nenhuma delas está ligada a uma mera questão de preferência ou opinião. 

As dificuldades técnicas ou a complexidade da questão, até pode ser impeditivo para se chegar a uma conclusão definitiva ou a uma melhor conclusão no momento, porém não se pode reduzir e empobrecer o debate achando que qualquer opinião sobre o tema tem o mesmo peso e qualidade. As vezes a melhor e mais honesta resposta para o momento tenha que ser: Não se sabe.

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