sábado, 7 de fevereiro de 2009

Calculando sob o resultado 1



Religião... O que mais me fascina nas religiões é a facilidade que se tem de responder a toda e qualquer pergunta. Não existem problemas sem soluções. Nem que a solução venha muitas vezes a causar mais duvidas que antes. A falta de pudor em se mudar o rumo, o sentido, a idéia, o dogma, a doutrina das coisas é tal que poderia até ser hilário se não fosse trágico (afinal tudo isso acaba tendo um preço).
É comum as religiões chamarem seu conjunto de ensinos e doutrinas de "verdade". É importante frisar, que "verdade" termo como é aceito pela maioria das religiões, é "Aquilo que é ou existe iniludivelmente". Ao chamar seus ensinamentos de "verdade" sem querer a religião provê bases para poder se estabelecer um julgamento de comprovação de seus ensinos. Alguns exemplos:


- A Infalibilidade Papal.


Este é um dos dogmas do catolicismo, e entre outras coisas (como pode ser percebido pelo título) diz que o papa, representante de Deus na terra, é infalível em seus conceitos, e nunca, jamais comete erros.
Essa é uma doutrina que pode ser examinada de maneira cética, afinal houve muitos papas. Será que nenhum ensinamento papal foi alterado, anulado ou corrigido por estar em desacordo com àquilo que por falta de um termo melhor, convencionou-se chamar realidade.
Os fatos mostram que, a maioria dos ensinamentos do passado tiveram que ser revistos e corrigido. Recentemente o atual papa (João Paulo II) pediu perdão em público por vários erros históricos de sua igreja. Entre esses erros que mereceram um pedido formal de desculpas, está o tão famigerado julgamento do cientista Galileu Galilei. À época, a igreja e seu representante, o papa, tinha uma idéia a respeito dos sistemas planetários, achando que a terra imóvel, estática, era o centro do universo, e que, portanto o sol, a lua e todos os demais astros giravam ao seu redor. Galileu como se sabe, adotou um ponto de vista diferente. Baseado em estudos, analises, observações e cálculos, Galileu tinha deveras todos os motivos para dizer que a Terra não era estática. O resultado foi que Galileu por causa desse ensinamento foi obrigado a se retratar, acabando por fim sendo prisioneiro em seu próprio lar.
Se o papa é infalível, como diz o dogma da igreja. Se ele não erra, porque ha necessidade de se pedir desculpas. O tempo mostrou quem estava errado na ocasião. Mas então a grande questão é: Por que persiste um dogma como esse – "infalibilidade papal" até os dias de hoje?
Outras religiões centralizam em suas doutrinas, fatos, datas ou situações que da mesma forma acabam fornecendo indícios que podem ser ou não comprovados. É claro que se tenta evitar ao máximo esses "indícios doutrinais" por adotar um ensinamento baseado na subjetividade. Por outro lado, há de fato algumas doutrinas que jamais poderão ser confirmadas, como a imortalidade da alma, por exemplo. (ver: um dragão em minha garagem).
A respeito da postura de se adotar a subjetividade como elemento primário de uma doutrina há uma história curiosa: (ver Calculando sob o resultado 2).

Calculando sob o resultado 2



Havia em meu local de trabalho, uma engenheira civil que acreditava fortemente em astrologia. Sabendo de meu ponto de vista sobre o assunto, ela sempre tentava de uma forma ou de outra comprovar suas crenças. Certo dia cheguei contando que havia achado cinqüenta reais em uma rua próxima à minha casa. Não demorou muito e ela (que sempre levava o horóscopo do dia, em recordes de jornais ou revistas) disparou: "Olha só o que diz hoje sobre escorpião: Dia propicio para os negócios". No dia seguinte não resistindo apanhei meu jornal e disse: "Olha só, o que vem dizendo para você no horóscopo de hoje". Assim passei a ler na integra o que o jornal trazia. "Viu só", falou ela, "Bateu certinho comigo. Depois você diz que eu não tenho razão!" Não perdendo a oportunidade rebati: "Realmente, bate direitinho, porém o que eu li, está previsto para câncer e não para leão!".
Na subjetividade não há falhas. Lembro-me bem da época do colégio, em que propagandeava meu talento para ler a personalidade das pessoas (meninas em geral) em riscos e traços esboçados num papel. Para tornar mais realista, pedia para que "minha vitima" respirasse fundo, fechasse os olhos se concentrando, e em seguida fizesse vários riscos aleatórios em uma folha de papel. A partir daí, fazia uma analise de sua personalidade, bem do tipo:
Você é uma pessoa decidida que sabe o que quer da vida, porém vejo que às vezes você sente muitas duvidas, principalmente em assuntos relacionados a você. É romântica, e procura dar mais valor à qualidade das pessoas que lhe rodeiam ao invés de valorizar as características físicas. Embora seja criativa você tem certa dificuldade de por para fora todo o potencial que está armazenado dentro de você... Dificilmente falhava. Quando liam minha analise sobre a personalidade, geralmente as pessoas se espantavam com a precisão. "Parece até que você me conhece a anos" geralmente diziam. Porém a verdade é que existe um certo padrão de comportamento durante a infância, a adolescência, a idade adulta e assim por diante, se achar os pontos fortes do padrão, temperando-os com a subjetividade, sua margem de acerto será fantástica. Mas tudo como disse baseando-se apenas em observações e em cálculos efetuados sob o resultado.

James Randi - Astrologia

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Porque deus não cura os amputados (Autor: Fernando Thomazi)

Tendências 1


Milhões de pessoas todo ano fazem peregrinações a diversos santuários espalhados pelo mundo. Nessas peregrinações, diversas pessoas vão para fazerem e pagarem promessas por graças e curas. Devido ao imenso número de pessoas que continuam a ir anualmente a esses lugares para solicitar curas de diversas enfermidades, era de se esperar que as estatísticas realizadas (queremos dizer estatísticas sérias e comprovadas por pessoas ou instituições idôneas) mostrassem um grande número de curas. No entanto o que se vê é apenas uma ligeira melhora em pessoas portadoras de doenças psicossomáticas. Por exemplo, em casos de câncer, o número de ocorrências de reversão do quadro clinico, é bem menor que a reversão espontânea registrada em diversos hospitais. Além disso, mesmo no caso das melhoras de pessoas com doenças psicossomáticas, o número de casos, é estatisticamente menor do que aqueles registrados em pesquisas com placebo. Sendo assim o que se pode afirmar com certeza, é que se você tem uma doença grave, tanto faz você ficar em casa ou ir a um santuário fazer promessas, alias o melhor mesmo é procurar rapidamente um bom médico.
Em vista disso, uma questão pode ser levantada: Se não existe efeito comprovado, porque milhões de pessoas em todo o mundo, continuam a fazer peregrinações a esses lugares (muitas vezes a altos custos)? Após algumas analises, poderíamos dizer que a resposta é um tanto obvia: Temos uma nata tendência à crendice. Acreditamos sem reservas em nossa percepção, porém desconsideramos o fato de que nossa percepção é falha e nos engana muito. Quem nunca brincou quando criança (e muitas vezes quando adulto também) em achar padrões em nuvens formadas no céu. Ver animais, rosto e, faces são as coisas mais normais. Isso porque em nosso cérebro está implícito o reconhecimento desse tipo de forma em elementos abstratos. Assim não é raro vermos multidões de pessoas aglomerarem-se para ver uma aparição de um santo ou mesmo da virgem Maria em uma mancha de mofo na parede ou mesmo em uma mancha em um vidro de alguma janela.

Tendências 2


Mesmo aqueles que adotam o pensamento cético, às vezes se vêem tentado pela sua percepção a acreditar naquilo que seus olhos “aparentemente” parecem ver. Lembro-me do dia em que fui assistir a um show de mágica e vi diante de meus olhos, o mágico fazer desaparecer uma pequena bola que estava nas palmas de sua mão. Como? Ele estava usando camisas de mangas curtas, não havia lenço ou qualquer cobertura, como era possível a bolinha sumir? Anos mais tarde, fiquei sabendo que aquele era um truque bem fajuto, o mágico usava um dedal com o mesmo formato de um polegar, inclusive com a mesma tonalidade da pele, e era dentro desse dedal que a bolinha ia parar. De resto era apenas a rapidez e o treino de movimentação com as mãos.
Quando o que se está em jogo são emoções humanas, não raro há uma luta contra a razão. Quantos de nós ao olharmos a grandiosidade da mente humana e seu potencial, não se perguntou: é está vida tudo o que há? Será que com todo nosso talento e inteligência, viemos à existência para poder viver apenas por uns míseros 80 anos e depois perder tudo o que se construiu? Porque quando parece que finalmente estamos começando a entender como as coisas são, somos então tirados dessa vida? – De fato, sob está ótica, pode até parecer muito injusto, e muitas vezes esses fatos da vida, podem levar às pessoas a criarem meios de apaziguar esse grande sentimento de frustração. O meio mais comum que se vê é a perspectiva de vida eterna. Quão reconfortante seria se ao invés de tudo terminar com a morte, houvesse um renascimento como propõe as religiões com a imortalidade da alma. Infelizmente tudo o que se fala sobre o assunto mostra-se claramente mera especulação sem nenhuma comprovação cientifica.