terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Tempos de infância


Certa feita estava passando a tarde na casa de minha avó, quando entrei no quarto de minha tia, e como toda criança traquina, fui bisbilhotar em suas coisas. Achei uma linda caixinha de música, e aproveitando que não havia ninguém por perto, passei a dar corda na caixinha mágica. Terminada a tarefa ouvi uma melodia suave, doce. Aquilo me encantou profundamente... Como podia uma minúscula caixinha produzir um som tão bonito? De onde vinha e o que produzia aquela melodia? Ficando cada vez mais fraca a musica acabou. Pensei que se desse muito mais corda talvez ela tocasse por um tempo bem maior, e assim comecei a forçar, mas como era uma caixinha pequena e bastante delicada, ao forçar a corda, acabei quebrando a caixinha. Uma sensação de pavor tomou conta de mim, minha tia era daquelas que simplesmente detestavam que mexessem em suas coisas. Eu estava realmente em apuros! Coloquei a caixinha em cima de um porta jóias (que na realidade era um porta bijuterias) e sai do quarto. Entrei então em baixo da mesa da cozinha (coisa que costumava fazer quando aprontava alguma travessura) e comecei a rezar baixinho, pedindo a Deus que me ajudasse, que não deixasse  ninguém perceber que fora eu quem quebrara a caixinha, ou que então Deus usasse seu enorme poder para concertar a caixinha, assim ninguém perceberia o meu delito. Rezei muito, cheguei até mesmo a implorar, suplicar, derramei lagrimas, fiquei de joelhos (minha mãe sempre me dizia que Deus ouve melhor as pessoas humildes que se ajoelham e choram ao pedir) então fui para a sala e fiquei sentado no sofá quietinho esperando com o peito apertado. Minha tia apareceu, nem me notou, foi direto para seu quarto, e parece que deu uma topada na penteadeira levando a caixinha de música que estava sob o porta bijuterias ao chão. Apenas ouvi seu resmungo: “Não acredito!, que droga!, quebrei a caixinha de música que ganhei do Dairso!” Quem não estava acreditando era eu, Deus, sim! Deus havia ouvido minha reza e me atendido.

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