terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Falácias 2


     Dando continuidade a apresentação das falácias mais comuns, segue uma nova lista:

Apelo a Motivos Em Vez de Razões

As falácias desta seção têm em comum o fato de apelarem a emoções ou a outros fatores psicológicos. Não avançam razões para apoiar a conclusão.

As seguintes falácias são apelos a motivos:

Apelo à Força
Apelo à Piedade
Apelo às Conseqüências
Linguagem Preconceituosa
Apelo ao Povo

Apelo à Força (argumentum ad baculum)

Definição:

O auditório é informado de que conseqüências desagradáveis se seguirão à discordância com o autor.
Exemplos:
(i) É melhor admitires que a nova orientação da empresa é a melhor -- se pretendes manter o emprego.
(ii) A NAFTA é um erro! E se não votares contra a NAFTA então te votaremos para fora do escritório.
Prova:
Identifique a ameaça e a proposição. Argumente que a ameaça não tem relação com a verdade ou a falsidade da proposição.
Referências:
Cedarblom e Paulsen: 151, Copi e Cohen: 103

Apelo à Piedade (argumentum ad misercordiam)

Definição:

Pede-se a aprovação do auditório na base do estado lastimoso do Autor.
Exemplos:
(i) Como pode dizer que eu reprovo? Eu estava mais perto da positiva e, além disso, estudei 16 horas por dia.
(ii) Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos os últimos três meses a trabalhar desalmadamente nesse relatório.
Prova:
Identifique a proposição e o apelo à autoridade e argumente que o estado lastimoso do argumentador nada tem a ver com a verdade da proposição.
Referências:
Cedarblom e Paulsen: 151, Copi e Cohen: 103, Davis: 82

Apelo às Conseqüências (argumentum ad consequentiam)

Definição:

O argumentador, para “mostrar” que uma crença é falsa, aponta conseqüências desagradáveis que advirão da sua defesa.
Exemplos:
(i) Não podes aceitar que a teoria da evolução é verdadeira, porque se ela fosse verdadeira não éramos melhores que os macacos.
(ii) Deve acreditar em Deus, porque de outro modo a vida não teria sentido. (Talvez. Mas também é possível dizer que, como a vida não tem sentido, Deus não existe.)
Prova:
Identifique as conseqüências e argumente que a realidade não tem de se adaptar aos nossos desejos.
Referências:
Cedarblom e Paulsen: 100, Davis: 63

Linguagem Preconceituosa

Definição:

Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais à crença na verdade da proposição.
Exemplos:
(i) Os portugueses bem intencionados estão de acordo em plebiscitar a pena de morte.
(ii) Pessoas razoáveis concordarão com a nossa política fiscal.
(iii) O primeiro ministro pretende que as novas taxas de juro ajudarão a diminuir o déficit. (O uso de "pretende" sugere que o primeiro ministro está errado.)
(iv) Os burocratas do Parlamento resistem às leis de defesa do património. (Compare com: "Os parlamentares rejeitaram a proposta de lei de defesa do património.")
Prova:
Identifique os termos preconceituosos usados: (p. ex.:. "portugueses bem intencionados" ou "Pessoas razoáveis"). Mostre que discordar da conclusão não é suficiente para dizer que a pessoa é "mal intencionada" ou "pouco razoável".
Referências:
Cedarblom e Paulsen: 153, Davis: 62

Apelo ao Povo (argumentum ad populum)

Definição:

Com esta falácia sustenta-se que uma proposição é verdadeira por ser aceite como verdadeira por algum sector representativo da população. Esta falácia é, por vezes, chamada "Apelo à emoção" porque os apelos emocionais pretendem atingir, muitas vezes, a população como um todo.
Exemplos:
(i) Se você fosse bela poderia viver como nós, então compre também Buty-EZ e torne-se bela. (Aqui apela-se às "pessoas bonitas")
(ii) As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento, também deves votar neles.
(iii) Toda a gente sabe que a Terra é plana. Então porque insistes nas tuas excêntricas teorias?
Referências:
Copi e Cohen: 103, Davis: 62

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